Divisão Psicossocial do TJMA alerta para saúde mental dos trabalhadores
O texto elaborado pela Divisão Psicossocial do TJMA ressalta que o bem-estar de um indivíduo não depende apenas do aspecto psicológico e emocional, mas também dos fatores sociais, ambientais e econômicos. “Pode-se afirmar que a saúde mental tem características biopsicossociais. Pensando na saúde mental do trabalhador, podemos defini-la como um estado de bem-estar no qual o indivíduo está consciente de suas próprias habilidades, é capaz de enfrentar as tensões normais da vida, trabalhar de forma produtiva e contribuir para a sua comunidade”, observa.
O texto aponta que, nas últimas décadas, a forma e o conteúdo do trabalho passaram por mudanças significativas, trazendo novos fatores que impactam a saúde dos trabalhadores. Entre esses fatores, destacam-se os fatores psicossociais, que têm se tornado cada vez mais relevantes devido ao aumento de processos psico-patológicos entre os trabalhadores, como os afastamentos relacionados a essas causas. De acordo com dados do Ministério da Previdência Social, o Brasil registrou o maior número de afastamentos por ansiedade e depressão nos últimos 10 anos, o que tem impacto direto tanto na vida dos trabalhadores quanto nas organizações. Em 2024, quase meio milhão de trabalhadores se afastaram por questões relacionadas à saúde mental.
A Divisão ressalta a importância de que as organizações promovam a saúde mental de seus trabalhadores, por meio de ações de caráter preventivo e da promoção de um ambiente de trabalho saudável, que proporcione satisfação ao colaborador. O Relatório Global de Saúde Mental, divulgado pela OMS em junho de 2022, reforça a necessidade de ações que garantam segurança, apoio e condições de trabalho decentes, além de medidas que evitem a discriminação de trabalhadores com problemas de saúde mental. Segundo a OMS, ambientes de trabalho precários, incluindo discriminação, desigualdade, cargas de trabalho excessivas e insegurança no emprego, representam riscos significativos para a saúde mental.
“Ambientes de trabalho seguros e saudáveis são, além de um direito fundamental, fatores que podem reduzir a tensão e os conflitos, melhorando a retenção de funcionários, o desempenho e a produtividade. Todos os trabalhadores têm direito a um ambiente de trabalho seguro e saudável. O trabalho pode, inclusive, ser um fator de proteção para a saúde mental. Existem ações eficazes que podem ser adotadas para prevenir, proteger e promover a saúde mental no ambiente de trabalho, além de apoiar os trabalhadores com transtornos mentais. Quando o trabalho oferece não apenas um meio de vida, mas também uma sensação de confiança, propósito, realização, além de proporcionar oportunidades para estabelecer relacionamentos saudáveis e se integrar a uma comunidade, ele se torna uma atividade verdadeiramente significativa para o ser humano”, alerta o setor psicossocial.
“É importante considerar que o trabalho possui grande relevância na vida do trabalhador e é indivisível ao ser humano. Logo, não é possível separar o trabalhador de seus objetivos, suas experiências e vivências. O ambiente organizacional é onde o trabalhador passa uma grande parte de sua vida, e, devido à quantidade de variáveis que o compõem, ele inevitavelmente afeta a subjetividade do trabalhador, seja de forma positiva, ao proporcionar prazer e satisfação, seja de forma negativa, ao gerar adoecimento psíquico”, pontua.
Segundo os profissionais, o atendimento psicossocial, realizado de forma multiprofissional, por profissionais da Psicologia e do Serviço Social, se revela fundamental, pois vai além de uma simples intervenção, sendo um processo de acolhimento, orientação e, quando necessário, encaminhamento. Esse processo considera a individualidade do trabalhador, entendendo as implicações que o trabalho pode ter na saúde mental de cada um, com foco na prevenção e cuidado das questões psicossociais. O investimento em saúde mental no ambiente organizacional traz benefícios tanto para os trabalhadores quanto para a própria organização.
O texto aborda que a implementação de ações preventivas, educativas e de acolhimento aos quadros de sofrimento emocional dos trabalhadores e de seus familiares contribui para a promoção da saúde do servidor, proporcionando maior qualidade de vida, valorização, bem-estar e satisfação, que resultam em ganhos significativos em produtividade e desenvolvimento para a instituição.
“De acordo com Dejours (2008), o trabalho não é apenas uma atividade produtiva, mas também um processo de construção da identidade e de transformação pessoal. Nesse sentido, ao oferecer atendimento psicossocial, a organização promove a prevenção de questões de saúde mental, gerenciando os riscos psicossociais no ambiente de trabalho e realizando as intervenções necessárias diante de cada situação. Dessa forma, garantir um ambiente de trabalho saudável pode trazer inúmeros benefícios para o ambiente organizacional, como aumento da produtividade, melhora no desempenho das tarefas, maior engajamento, sentimento de pertencimento à empresa, aumento da autoconfiança, sensação de bem-estar, melhores relações interpessoais, maior motivação, redução do absenteísmo e melhora no clima organizacional”, conclui.
