As 191 pessoas abrigadas em um galpão na Paróquia Santa Terezinha, em Bacabal, dizem que só sairão do local para suas casas, que ficaram alagadas após a cheia do Rio Mearim.
Abrigo não tem proteção suficiente contra a chuva — Foto: Reprodução/TV Mirante
Por g1 Ma — As famílias que estão abrigadas em um alojamento sem proteção contra chuva e com risco de incêndio, situado nas dependências da Paróquia Santa Terezinha, em Bacabal, a 252 km de São Luís, se recusam a sair do local mesmo após a decisão da Justiça que determinou sua retirada.
As 191 pessoas abrigadas em um galpão na paróquia dizem que a decisão da Justiça veio tarde demais e só sairão do local para suas casas, que ficaram alagadas após a cheia do Rio Mearim.
Nossas casas já estão secando. Já não tem nada, aí vai levar pra outros lugares! Vai acabar com tudo! A gente não tem nada mesmo, só a vida. Só for pra me tirar daqui vai ser lá pra dentro da minha casa ou então eu fico bem ali na praça"
— Raimunda Rodrigues, abrigada nas dependências da Paróquia Santa Terezinha
Instalação elétrica do local é irregular — Foto: Reprodução/TV Mirante
Esse também é caso do auxiliar de pedreiro Gilvan Ferreira, que em entrevista ao g1, afirmou que vai permanecer com a família no abrigo, até conseguir voltar para casa.
No local, as famílias estão em galpões cobertos com telhas metálicas, divididos apenas por plásticos presos a pedaços de madeira. Além de ser muito quente, o abrigo, com 55 famílias, não tem proteção suficiente contra a chuva e corre risco de incêndio por causa do uso de fogões a gás e instalação elétrica inadequada.
Ministério Público considerou o alojamento impróprio para abrigar as famílias — Foto: Reprodução/TV Mirante
Em razão disso, a Justiça atendeu a um pedido do Ministério Público e determinou a retirada e realocação das pessoas abrigadas no local, considerado “insalubre”.
“As famílias que lá se encontram estão em total situação de vulnerabilidade, e isso foi inclusive constatado pelo Corpo de Bombeiros quando realizou vistoria no local. Diante dessa situação, foi requerida judicialmente a imediata retirada dessas famílias e que elas fossem colocadas em locais adequados, preferencialmente em escolas”, disse a promotora de Justiça Klícia Castro de Menezes.
Realocação e multa
Galpão é dividido apenas por plásticos presos a pedaços de madeira — Foto: Reprodução/TV Mirante
O Ministério Público determina o fornecimento de imóveis residenciais provisórios para a realocação das famílias ou a disponibilização do aluguel social no valor de R$ 600, além do cadastramento de todos os assistidos e o fornecimento de um plano de contingência eficaz para reassentamento dos desabrigados. A multa para o descumprimento da ordem judicial é de 10 mil reais por dia.
Temporais atingem o Maranhão
Por causa das fortes chuvas que atingem o Maranhão, 67 municípios do estado já decretaram situação de emergência (Veja a lista completa no fim da reportagem). Até o momento, seis mortes foram confirmadas e das 38.476 famílias afetadas, 8.099 estão desabrigadas e desalojadas.
O Governo Federal reconheceu, na quarta-feira (12), a situação de emergência em mais 14 cidades do Maranhão atingidas pelas fortes chuvas. Com o reconhecimento, os municípios podem solicitar recursos federais para ações de defesa civil.
Moradores usam barcos para conseguir se deslocar em cidade do Maranhão — Foto: Governo do Maranhão
A Defesa Civil informou que segue monitorando os episódios em que prejuízos e danos foram causados à população por conta do período chuvoso.
De acordo com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social (Sedes), os restaurantes populares dos municípios atingidos vão ampliar a oferta de refeições no modelo híbrido (distribuição de quentinhas). Até o momento, 200 mil refeições foram entregues.