Rogério Alves: Os evangélicos e a política

Os partidos políticos e seus candidatos resolveram deixar de lado a Carta Magna e se adaptar à selvageria eleitoral
Rogério Alves, advogado - A cada dois anos se repete um ritual nada republicano — muito menos em um País laico. Candidatos vão visitar líderes evangélicos em busca de votos. Visitar, não é o problema. É até um gesto de civilidade. Contudo, o objetivo é de cabalar apoio no velho sistema do voto de cabresto, como se estivéssemos no túnel do tempo rumo à República Velha. O “rebanho” estaria pronto a votar no que for indicado pelo pastor, sem refletir, questionar ou conhecer o que o candidato pretende realizar.

A República brasileira é laica desde a sua fundação. (…)

Se tivemos muitos padres — da Igreja católica — participando da vida política desde o processo independentista, a ação era com base em uma determinada visão de mundo no universo ideológico laico e não como representantes de alguma confissão religiosa.

O que assistimos nos últimos vinte anos é um processo novo e que se confronta com os princípios laicos da Constituição de 1988. Porém, os partidos políticos e seus candidatos resolveram deixar de lado a Carta Magna e se adaptar à selvageria eleitoral.

O que importa é ser eleito mesmo à custa de tenebrosas transações, pouco republicanas e que minam as bases do Estado democrático de Direito.

O inusual e claramente anticonstitucional voto de cabresto religioso não passa — e nem deveria passar — pelas mediações do sagrado.

(…)

Há um oportunismo dos dois campos, o religioso e o político. O pastor tem no político um sócio na negociação do voto. E o fiel é instrumento de venda e cooptação, retirando a independência do voto.

Afinal, cabe ao pastor definir a sua vontade de eleitor?

Esta transferência é criminosa, inaceitável, em uma república democrática.

E não cabe o falso argumento de perseguição religiosa. A questão é o uso da religião para sequestrar um dos princípios do Estado democrático de Direito. Artigo original por Marcos Antônio Villa.

VITÓRIA: derrubado veto de Bolsonaro à Lei Assis Carvalho II
LEI ASSIS CARVALHO II LEVARÁ RECURSOS À PRODUÇÃO DE ALIMENTOS, IMPLANTAÇÃO DE CISTERNAS E INÚMERAS AÇÕES DE APOIO AOS AGRICULTORES
Escrito por Contraf - Brasil

O Congresso Nacional aprovou no fim do ano a derrubada do veto do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Projeto de Lei (PL) 823/2021, mais conhecido como Lei Assis Carvalho II, que prevê medidas emergenciais de apoio à Agricultura Familiar impactada pela pandemia.

Agora, os agricultores e agricultoras familiares terão suas dívidas rurais prorrogadas e contarão com auxílio de R$ 2.500 reais por família.

A coordenadora Geral da Contraf-Brasil, Josana Lima comemorou a conquista e relembrou a intensa luta da base Contrafiana para garantir o auxílio emergencial para categoria.

"A luta foi grande e teve início na base Contrafiana com conjunto das Fetrafs e Sintrafs do nordeste. A cada cada que passava, ganhava mais força e destaque em meio às dificuldades impostas pela pandemia. Mesmo em meio aos desafios nos reinventamos, mostramos a força da Agricultura Familiar e fizemos uma bonita luta, tanto virtual quanto nas mobilizações nas ruas", relembrou a dirigente.

A lei foi batizada em homenagem ao deputado do PT do Piauí que morreu em 2020, sendo um complemento à Lei Assis Carvalho I, quase totalmente vetada por Bolsonaro, no ano passado.

E se estabelece como importante instrumento de fomento à produção de alimentos, implantação de cisternas e diversas outras tecnologias de acesso à água, bem como uma aliada no incentivo à compra dos alimentos da agricultura familiar e no combate a insegurança alimentar e nutricional.

A partir de agora, as medidas terão validade até 31 de dezembro de 2022 e poderão contribuir para recuperação da agricultura familiar e camponesa, abalada pela pandemia e pela falta de apoio do poder público federal.

"Seguiremos em luta e atentos para garantir o cumprimento imediato dessa importante Lei, fruto da luta coletiva do movimento social e camponês. Sem dúvida, a Agricultura Familiar está em festa", concluiu a coordenadora Geral da Contraf-Brasil, Josana Lima. Leia o blog do advogado Rogério Alves clicando AQUI.

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