Antônio Melo
Jornalista
A tal “reforma eleitoral” mudou pouco para o Brasil e para o eleitor. Mas para os atuais deputados mudou muito. E para melhor. É que do jeito que a lei está, bem, ficou mais fácil a reeleição.
Considere-se que o tal Fundo Especial de Financiamento de Campanha está aí na casa de 1 bilhão e 700 milhões de reais. Os dez maiores partidos vão abocanhar 73,5 por cento desse valor. Frise-se que o MDB e o PT, nesta ordem, ficarão com as maiores fatias. Nesses cálculos aí, descobre-se que um voto para deputado federal tem custo estimado em 17 reais e 63 centavos. Pouco mais de 5 dólares. Metade do que custa nos Estados Unidos, mais de 10 dólares, segundo estudo da BBC de Londres.
Ora, antes mesmo que se escancarassem as janelas partidárias –tempo legal para detentores de mandato mudarem de partido- os lances no leilão de adesão de parlamentares chegou a 2,5 milhões.
Considerando-se esses valores, é exatamente esta a estimativa que cada parlamentar deverá receber de sua legenda (contribuinte) para bancar sua reeleição. Os 200 mil que sobram servirão para financiar os que ainda não deputados, disputem um lugarzinho entre os que já são detentores de mandatos. E no rateio, o cálculo é que caberá em torno de R$ 50 mil para cada um desses fazer suas respectivas campanhas.
Será que dá para pagar a gasolina? Sei não, o produto anda tão caro e o preço sobe quase todo dia.
Prepare o bolso – A Agência Nacional de Saúde Suplementar, segundo o seu diretor Rodrigo Rodrigues Aguiar disse ao Estadão, vai brindar os planos de saúde com uma franquia sobre os procedimentos médicos/hospitalares que terão, assim, parcela bancada pelo segurado. A coisa vai funcionar mais ou menos assim: você precisa de uma cirurgia e ela vai custar 3 mil reais. Hoje quem paga tudo é o seguro, inclusive o hospital. A partir do segundo semestre, segundo o diretor, uma parcela disso, talvez 20 por cento, o mesmo que 600 reais, neste caso, você é quem vai pagar. A pergunta que a gente faz é: quando vai chegar a vez do cidadão que já é tungado nos descontos para uma previdência que não o atende, que paga um seguro saúde que cada vez mais lhe cria dificuldades para atende-lo?
A conclusão é simples: o cidadão fica sempre fora da lei.