Antônio Melo: Não vale tudo


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Antônio Melo
Jornalista

A campanha oficialmente ainda nem começou. Muito embora, nas redes sociais ela esteja solta, como deveria ser. Afinal, campanha existe para que se faça propaganda dizendo que se é candidato e quais as razões. É um período para apresentar propostas. Se apresentar para o eleitor. Mas também para falar mal ou bem do governo e dos governantes.

Já disse aqui do ridículo de uma legislação detalhista que proíbe boné, regula o tamanho de um adesivo no seu carro ou de um cartaz na sua casa. Mas permite que os endinheirados banquem, sozinhos, suas próprias eleições. E tudo em nome de acabar com os abusos do poder econômico.

Flávio Rocha, por exemplo quer chegar à presidência bancando sua campanha do próprio bolso. Exclusivamente. Uma bagatela de 70 milhões de reais. Pode não ser um abuso. Mas que legitima o poder do dinheiro, legitima. Os legisladores tornaram desiguais aqueles que deveriam ser iguais perante o eleitor.

Mas este é só um exemplo. Há outros piores.

No Maranhão o governo, em papel timbrado da Polícia Militar, foi flagrado querendo botar os policiais para espionar os adversários. O governador Flávio Dino, comunista do PC do B, tendo sua administração flagrada nessa grave estripulia correu em socorro do seu secretário de segurança e do comandante da polícia militar. Disse que era tudo intriga dos adversários, da oligarquia Sarney, que nada disso existia.

Mas se autodesmentido, mandou exonerar o comandante do policiamento do interior que, segundo ele, seria o autor da tal ordem. Ao fazer isso, o governador reconheceu o mal feito e ainda achou um bode expiatório. Além da contradição que flagrou a versão enganosa de Sua Excelência, há ainda a cópia do Memorando Circular 098/2018, assinado pelo coronel Zózimo Paulino, comandante do Policiamento de Área do Interior, enviado a todos os comandantes da oito regionais determinando o levantamento de dados eleitorais (...) “com a finalidade de relacionar as lideranças que fazem oposição ao Governador Flávio Dino”.

É um péssimo exemplo essa arapongagem. Não precisa nem perguntar o porquê isso tudo. Está explícito. Claro, cristalino. Outro não pode ser o de influir no resultado eleitoral utilizando-se de uma polícia que é de estado e não dele, Flávio Dino, o inquilino atual do Palácio dos Leões.

Ao invés de uma fita métrica na mão para medir tamanho de adesivos, as autoridades eleitorais deveriam estar atentas às tentativas de fraudar a vontade do eleitor, como esta.

Os dois exemplos que relatei aqui, bem ilustram a ineficácia do excesso de leis que, ao invés de facilitar, inibem que se faça campanha; ao invés de se preocupar com o que é importante, desce a detalhes que, de forma alguma, vão fraudar a vontade do eleitor.

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