Comissão da Câmara rejeita convocar Geddel para explicar denúncias


Colegiado também rejeitou convite para ouvir o ex-ministro Marcelo Calero.
Geddel foi acusado por Calero de ter feito pressões para liberar obra.

Do G1, em Brasília

A Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara rejeitou nesta quarta-feira (23) o requerimento do deputado Jorge Solla (PT-BA), que pedia a convocação do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. O requerimento queria que Geddel esclarecesse na Casa denúncias de pressão e tráfico de influência.
O requerimento foi rejeitado por 17 votos a 3. O único partido favorável ao requerimento foi o PT, partido do autor do pedido de convocação.
Também foi rejeitado um requerimento de convite (quando a pessoa não é obrigada a comparecer à comissão) para ouvir o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero.
Na última sexta-feira (18), Calero renunciou ao cargo de ministro da Cultura. Em entrevista, ele disse que sofreu pressões de Geddel para que liberasse a construção de um prédio residencial em Salvador.
A obra havia sido embargada pela sede do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por estar localizada numa área histórica. Geddel havia adquirido um imóvel no edifício.
O ministro admite a conversa, mas nega ter feito pressão sobre Calero.
Segundo o deputado Jorge Solla, Geddel cometeu um crime e admitiu para a imprensa que fez pressão "porque acha que isso não é nada demais".
"Se Geddel não fez nada de errado, ele venha aqui e explique. [...] Mas o que vejo na mídia é ele confessando porque acha que isso não é nada demais", disse o petista.
O deputado Cacá Leão (PP-BA) argumentou que o episódio se tratou apenas de uma conversa informal e que há pautas mais importantes. "Daqui a pouco um prefeito não vai poder ligar para outro por medo", disse o deputado, que votou para rejeitar o requerimento.
Deputados da oposição levaram cartazes com os dizeres "Foda Geddel" e "Geddel inimigo do patrimônio histórico" e colocaram nos computadores utilizados pelos parlamentares.
Durante a sessão, houve bate-boca entre os parlamentares Wladimir Costa (SD-PA) e Paulão (PT-AL). Costa disse que o PT sofre de "Geddelfobia" e chamou os deputados petistas de "desqualificados" e de "imundos". Paulão, então, acusou o parlamentar do Pará de ser envolvido com drogas.
Apoio da base
Antes da votação do requerimento, o deputado Jorge Solla disse ao G1 que há tentativa de blindar Geddel na Câmara.
“A base do governo está muito preocupada porque é um governo que não teve voto, é um governo de baixa governabilidade, que se montou numa articulação parlamentar e, obviamente, um escândalo dessa natureza pode dificultar ainda mais a coesão dessa base frágil. [...] A preocupação deles é de tentar blindar e evitar que seja ouvido aqui o ex-ministro Calero”, afirmou.
Na última terça (22), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), declarou apoio ao secretário de Governo. “Nós precisamos que o ministro Geddel continue no governo”, disse, após participar de palestra a empresários em São Paulo.
No mesmo dia, o líder do governo na Casa, André Moura (PSC-SE), entregou um manifesto de apoio à Geddel no Palácio do Planalto. "Ainda hoje retornaremos aqui com a presença de todos os nossos líderes dos partidos que compõem a nossa base aliada e vamos entregar um manifesto de apoio ao Geddel", declarou André Moura após uma reunião com Geddel.
Deputados de oposição levaram cartazes contra o ministro Geddel Vieira Lima (Foto: Bárbara Nascimento/G1)Deputados de oposição levaram cartazes contra o ministro Geddel Vieira Lima (Foto: Bárbara Nascimento/G1)

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