O jovem Raimundo Sérgio... |
Já
recebi no blog uma dezena de comentários e no celular quase igual número de
ligações questionando o fato de eu ainda não ter registrado a morte do senhor
Raimundo Sérgio de Oliveira.
Eu
respondo aqui...
Seu
Raimundo Sérgio merece mais que um simples registro da sua morte, mesmo que
esse registro aconteça na forma de um belo obituário, embora ele já tenha sido
homenageado de algumas maneiras, todas exaltando um pouco do muito que ele fez.
Lembraram
da sua chegada em Bacabal, na década de 50 do século passado, sob a proteção da
lona de um circo onde atuava como um hilário palhaço.
Mostram
que ele, como político, foi vereador por 3 legislaturas e candidato a
vice-prefeito uma vez.
Eu
acrescento que ele também foi corretor de imóveis e com uma preocupação
peculiar e incomum entre os seus poucos colegas à época: a organização urbana
da cidade.
E
acrescento ainda a sua verve jornalística pioneira em nosso município, tanto
como correspondente de diários como jornal pequeno, como por inciativa de
edição própria com o Correio de Bacabal.
Raimundo Sérgio e o seu Correio de Bacabal... |
Para
mim certa vez ele confessou que gostava de ser trovador.
Eu
quero destacar aqui nessa crônica o seu lado que mais me fascinava: o de amante
de Bacabal.
Amante
na expressão literal - Pessoa que ama; namorado; apaixonado.
E
ele me revelou também que foi amor à primeira vista, a ponto de nunca mais ter
sentido vontade de voltar a sua terra natal, da qual também sempre falou muito
bem e pela qual demonstrava grande amor.
O
Raimundo Sérgio que eu conheci formou, ao lado dos também poetas Brasilino
Miranda e Fabrício de Morais, o primeiro trio de pessoas que eu tenho notícias
que se preocuparam em levantar, preservar e contar a bela e, ainda insípida e curta,
história da cidade de Bacabal.
Seu
Fabrício não conseguiu registrar nada em livro, mas deixou muito sobre a
história de Bacabal em seu arquivo pessoal. Seu Brasilino ainda fez dois
registros: Bacabal por Dentro e Bacabal Moderno. Raimundo Sérgio Escreveu
Bacabal de Sempre – Histórias de Bacabal.
Raimundo Sérgio, o Trovador. |
Começou
aí, então seu árduo trabalho de levantar a história de Bacabal levantando inicialmente a
história da câmara municipal.
Contou-me
que foi um resgate difícil porque quase nada havia sido registrado.
Tratou
então, de registrar tudo o que aconteceu a partir do seu período, o fez com destreza.
Hoje a câmara dispõe de um bom registro de sua história.
Findo
esse levantamento veio o trabalho mais duro, mas segundo o próprio Raimundo
Sérgio, mais prazeroso: pesquisar e registrar a história de Bacabal.
E ele fez isso de várias formas. Usou a poesia, a música e a literatura.
Preservou
e difundiu aquilo que lhe foi possível, dentro das suas próprias possibilidades
e, sem questionar em nenhum momento a falta de apoio.
Hoje
a pequena raiz da História de Bacabal ficou mais podre, menos resistente. Mas Raimundo
Sérgio vai se juntar em outro plano para fazer orações a nosso favor, ao
lado de Brasilino e Fabrício.
Aqui agora ficam poucos e com muitas responsabilidades.
Bacabal
perde seu amante maior. Eu perco um grande amigo sem nunca ter lhe confessado
que sou jornalista por sua causa e inspiração e que aprendi a amar essa terra –
não tanto quanto ele – ouvindo embevecido as suas belas e cativantes histórias sobre
as coisas do Bacabal de Sempre.
A
mesma Bacabal que amamos hoje não chora por ele como ele bem o merece, fato que
no futuro se repetirá comigo.
Eu
no meu canto choro o meu choro contido.
Não
vou ao seu velório nem ao seu enterro.
Repito o gesto que comecei com a morte do meu pai e repeti na de minha irmã, do meu irmão e com Teresinha. Prefiro no registro da minha memória a sua imagem em vida, em pé com o inseparável guarda chuva no braço.
Repito o gesto que comecei com a morte do meu pai e repeti na de minha irmã, do meu irmão e com Teresinha. Prefiro no registro da minha memória a sua imagem em vida, em pé com o inseparável guarda chuva no braço.
Abel
Carvalho
Obrigado pela homenagem ao meu avô.
ResponderExcluirMiguel Sérgio